Brasil registrou em 2024 um recorde histórico de transplantes realizados pelo Sistema Único de Saúde (SUS), com mais de 30 mil procedimentos — aumento de 18% em relação a 2022. Pernambuco teve participação nesse avanço, com 1.654 transplantes ao longo do ano. Entre os principais procedimentos realizados no estado estão os de tecidos e órgãos como córnea (837), rim (374), fígado (119) e medula óssea (286), conforme balanço divulgado pelo Ministério da Saúde em Brasília.
“Quero dividir a conquista desse recorde com os secretários municipais e estaduais, a comunidade de saúde, os técnicos, os enfermeiros, as equipes do SAMU e os profissionais que se dedicam a fortalecer o sistema de saúde em todo o país. Temos que celebrar esse recorde. É a reafirmação do Brasil como país que mais faz transplantes em sistema público de saúde do mundo”, declarou o ministro da Saúde, Alexandre Padilha.
Na ocasião, a pasta anunciou, ainda, uma série de medidas que visam modernizar o Sistema Nacional de Transplantes (SNT), tornando-o cada vez mais eficiente e seguro. Entre elas, estão a oferta da Prova Cruzada Virtual para a rede pública de saúde de todo o país e a reorganização das regiões dentre as quais os órgãos são alocados. Ambas vão contribuir para que haja mais agilidade na distribuição dos órgãos.
Além de avanços – como a oferta inédita de transplante de intestino delgado e multivisceral no SUS e o uso de membrana amniótica para tratar queimaduras -, a pasta também anunciou o novo Programa de Qualidade em Doação para Transplante (PRODOT), que vai capacitar os profissionais de saúde no acolhimento dos familiares, o que poderá reduzir a negativa de autorização, aumentando o número de doações. Em 2024, 55% das 4,9 mil famílias entrevistadas autorizaram a doação de órgãos de seus entes. Já o número de doadores efetivos ou de 4 mil.
Atualmente, cerca de 78 mil pessoas estão na fila de espera por doação de órgãos e tecidos no Brasil, com maior demanda para rim (42.838), córnea (32.349) e fígado (2.387) em 2024. Em Pernambuco 3,7 mil pacientes aguardam por transplante, sendo 1,9 mil para rim, 1,5 mil para córnea e 143 para fígado.
Prova Cruzada Virtual reduz tempo entre a doação e a cirurgia
Atualmente, o SUS oferece a Prova Cruzada Real, que mistura os antígenos do doador com o soro do possível receptor. Se o receptor tiver anticorpos contra o antígeno do doador, haverá uma reação, indicando que há maior chance de rejeição do órgão. A novidade é a Prova Cruzada Virtual, que será oferecida no SUS a partir da publicação do novo Regulamento Técnico do STN, o que deve ocorrer em setembro depois de ser submetido a uma consulta pública.
O exame virtual cruza os dados imunológicos cadastradas previamente em um sistema. Esses dados são obtidos a partir de amostras de soro dos receptores guardadas em sorotecas de todo o Brasil. Se a prova cruzada virtual for positiva, as chances de a prova real ser positivas são maiores. Assim, só serão chamados para realização da prova cruzada real os candidatos a transplantes que tiveram prova virtual negativa. Portanto, a Prova Cruzada Virtual pode agilizar a distribuição dos órgãos (rim, pâncreas, coração e pulmão), além de contribuir para a redução do tempo entre a doação e a cirurgia, do risco de rejeição e da ocorrência de isquemia dos órgãos.
“Temos o desafio de implementar o programa Agora tem Especialistas para reduzir o tempo de espera. As medidas que estamos tomando com transplantes não só vão reduzir o tempo de espera por esse procedimento. Elas vão melhorar a qualidade do hospital. Investir em transplantes, além de salvar vidas e qualificar tecnologia e serviços, também gera uma melhoria de todo atendimento especializado e também ajuda a reduzir o tempo de espera no atendimento especializado”, disse o ministro.